O MECE DE PERFIL
O MECE é um movimento que se constrói a cada dia por meio da união de pessoas que acreditam na Cidade Estrutural. Essas enxergam o local para além dos números, que incluem o fardo de ter o pior IDH do DF, e como partículas minúsculas, é um grupo feito de gente que nunca para, de um vai e vem empolgado de ideias, do desejo de fazer funcionar as engrenagens. O MECE não está pronto e talvez nunca esteja, ele transita enquanto houver a vontade que transpõe barreiras.
O MECE surgiu buscando formas comunitárias de promover educação e cultura, a partir da cegueira que não enxerga com bons olhos a Cidade Estrutural. Eles, os voluntários do Movimento, veem mais que os dados e estereótipos. Vivem o potencial de uma população que se constituiu a partir da força pelas mudanças sociais. Aliás, esses talvez sejam os motores desses voluntários: as várias barreiras a transpor, a infinidade de pessoas a alcançar e a contagiar com a produção de livros e de ideias na Editora Popular Abadia Catadora, com as possibilidades econômicas do Banco Comunitário, com o Ponto de Memória, que resguarda a identidade da Cidade, com a Biblioteca Comunitária…
Deuzani Noleto
Uma das que fazem o Movimento de Educação e Cultura da Cidade Estrutural acontecer é a arquivista Deuzani Cândido, 62 anos. Ela despertou a sensibilidade social e após se aposentar como bancária, o sonho era receber o que ela chamou de “carta de alforria” e ir trabalhar em movimentos sociais. Deuzani deixava de produzir lucro para uma empresa, e passava a pensar em gerar capital humano e se doar em prol de uma causa.
Deuzani conheceu a realidade da Estrutural por meio de um projeto de alfabetização de jovens e adultos, e a partir da iniciativa, engajou-se na promoção do registro das histórias de vida. As pessoas que aprendiam a ler e a escrever, contavam sobre si em uma carta redigida por eles. Daí surgiu a inspiração para o atual projeto do MECE Pontos de Memória, uma das iniciativas preferidas da arquivista.
“A gente luta para melhorar as condições de vida da população da Estrutural em várias frentes. Nós somos movidos a lutar por um mundo melhor”
Ela não ressalta as barreiras, mas os sonhos que a fazem não desistir e que faz o MECE caminhar. Recorda na memória o olhar das pessoas quando aprendiam a ler e como o trabalho mudava as suas vidas, deles e a dela. Mais que a realidade social da Estrutural, Deuzani e todos os voluntários desafiam a você, que se embrenhou na história deste movimento, a terminar a leitura e arregaçar as mangas, pois como consta no início deste texto, o MECE não para e conta com quem ousa sonhar e trabalhar pelo tão falado mundo melhor, começando do mundo mais próximo de nós.